magazine RISCO ZERO n7 - page 28

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De uma maneira mais simples, podemos dizer que cogni-
ção é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda
e pensa sobre toda informação captada através dos cinco
sentidos, fundamental para a tomada de decisões.
Mas a cognição é mais do que simplesmente a aquisição de
conhecimento é consequentemente, a nossa melhor adapta-
ção ao meio; é também um mecanismo de conversão do que
é captado para o nosso modo de ser interno, ela é um proces-
so pelo qual o ser humano interage com os seus semelhan-
tes e com o meio em que vive, sem perder a sua identidade
existencial, ela começa com a captação dos sentidos e logo
em seguida ocorre a percepção e é portanto, um processo de
conhecimento, que tem como material a informação do meio
em que vivemos e o que já está registado na nossa memória,
interagindo e possibilitando uma determinada conclusão e
recorrente tomada de decisão, mesmo que enfrentando para-
digmas, ambiguidades e antagonismo.
No trabalho, o aspecto Cognitivo tem grande importância na
segurança, pois se manifesta através de uma deliberação do
trabalhador, assim como poderá ter como efeito o erro huma-
no, por vezes desastroso. Não é fácil discutir complexidade
e sobrecarga mental, mas podemos considerar que quanto
maior o número de inputs e outputs, ou entradas e saídas,
mais se mostra difícil operar ou trabalhar sobre tudo usamos
o nosso trabalho como rotineiro.
Para algumas actividades o aspecto cognitivo mostra-se pri-
mordial, como no caso de operadores de salas de controlo,
pilotos de aviões, cirurgiões, controladores de voo, operado-
res de câmbio, entre outros, mas também é possível encontrar
sobrecarga mental mesmo em outras actividades aparente-
mente menos complexas: pedreiros, marceneiros, maquinis-
tas, mecânicos, supervisores, entre outros. De facto, é difícil
discernir, num primeiro momento, qual operação é mais ou
menos complexa do que outra, pois em muitos casos o ope-
rador faz determinada função com tal facilidade que temos a
impressão que estamos lidando com algo muito simples, mui-
to fácil, como no caso de violinistas ou pianistas.
Na verdade, é impossível separar corpo e a mente humana
pelo facto que a segurança no trabalho não somente depende
de factores cognitivos, portanto todo trabalho exige em deter-
minado grau de uma exigência cognitiva e cabe ao analista
“Ergonomista”
avaliar se esta exigência se mostra fatigante
ou não pelo simples factos que muitos acidentes no traba-
lho por comportamento; ignorância do perigo, falta de saber,
stress “sobrecarga” física que acaba reflectir-se na mente, insa-
tisfação em alguns casos até mesmo alegria etc.
Um ponto que precisamos estar sempre atentos para defini-
ção da sobrecarga mental aponta para os inputs aleatórios
que exigem acções imediatas por parte dos operadores ou
trabalhadores. Falamos sobre as sobrecargas mentais por ser
uma das maiores causas dos acidentes no trabalho. Reflictam
comigo caros leitores; um descontentamento gera falta de in-
teresse no trabalho e, por sua vez, a falta de interesse gera uma
distração durante as actividades. Por conseguinte, esta distra-
ção leva à execução de tarefas sem as condições de seguran-
ça no trabalho, o que pode produzir ou conduzir o trabalha-
dor a um acidente, ocasionando lesões leves ou graves. Desta
forma, poderá registar-se um elevado índice de absentismo,
causando grandes prejuízos a empresa.
Vamos usar como exemplo prático o nosso colega Pato que
está escrevendo o seu próprio nome, ele está trabalhando,
conhece bem o teclado, conhece bem o próprio nome e teo-
ricamente ele vai errar muito pouco. Pato, eu vou pedir uma
gentileza para você: se eu colocar a mão no seu ombro direi-
to, enquanto você digita, você levanta o pé direito e abaixa;
se eu colocar no esquerdo, você levanta o esquerdo e abaixa
combinado? Veja no exemplo a grande dificuldade em tomar
a acção correta, além da evidente perda do raciocínio, coorde-
nação motora e memória. Se isso acontecer com um motoris-
ta, a probabilidade de acidente será realmente preocupante,
pelo que devemos simplificar o sistema compreendendo o
que realmente queremos do trabalhador, eliminando excessos
e simplificando o trabalho.
Sobrecarga psíquica:
trata-se de uma avaliação que leva em
consideração principalmente a quantidade de inputs, por
exemplo: um motorista tem de lidar com pedestres, estrada,
caminho, ambiente físico, condições do carro, camiões, mo-
tocicletas, rádio, tempo, entre outras que ele tem que admi-
nistrar ao mesmo tempo. Percebe-se grande quantidade de
inputs que podem mudar de situação para situação, diferente
da actividade do ascensorista que deve definir qual andar de-
verá parar em função de uma ordem do passageiro, portanto,
enquanto o primeiro toma decisões defronte diversos inputs,
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