Magazine Risco Zero nº24

magazine risco zero Engª. Carla Guerreiro A IMPORTÂNCIA DOS DADOS ESTATÍSTICOS NA SAÚDE OCUPACIONAL ARTIGO PROFISSIONAL AOIT estima que cerca de 2,3milhões demulheres e homens em todo omundo sucumbema acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho todos os anos; isso corresponde amais de 6.000mortes todos os dias. Em todo o mundo, ocorrem anualmente cerca de 340 milhões de acidentes de trabalho e 160 milhões de vítimas de doenças relacionadas ao trabalho. A OIT atualiza essas estimativas em intervalos, e as atualizações indicam um aumento de acidentes e problemas de saúde. Fonte: OIT O que representam os números para a saúde ocupacional e para a segurança? Segundo Joseph Stalin em 1947 “a morte de uma pessoa é uma tragédia; a de milhões, uma estatística” . Quando olhamos realmente para esta frase, estamos perante uma realidade um pouco amarga, mas que é a pura verdade. Quando no nosso vizinho do lado cai de um andaime enquanto estava a trabalhar e morre, nós ficamos chocados, “coitado que desgraça, para ele e para a familia”, no entanto quando na construção de uma ponte ouvimos ou vemos nas noticias que morreram mais de 50 trabalhadores, pensamos ...”faltou a segurança no trabalho”, já não pensamos nem sentimos que foi uma tragédia, provavelmente a cada um de nós não significa tanto, como o vizinho do lado. E todos entram para a estatística. No nosso dia-a-dia os riscos a que estamos expostos são imensos, seja em casa, na rua, no trabalho. A saúde ocupacional de cada um de nós é analisada e medida de forma a garantir o nosso bem-estar físico, psíquico e social, ou seja de forma a estarmos comsaúde (aOrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”). Medidas de prevenção, tais como normas, regulamentos, procedimentos, instruções entre outros, são criados por forma a reduzir e a evitar danos para a saúde ocupacional, seja reduzindo a exposição a esses riscos, seja eliminando os riscos, ou adoptando outras medidas de prevenção de acordo com a situação a ser analisada. A análise das estatísticas disponíveis de doenças e lesões ocupacionais (indicadores de saúde física do trabalhador) pode ser então usada para inferir a eficácia dessas medidas e regulamentos no sentido de auferir a redução do risco e a prevenção da exposição do trabalhador aos riscos inerentes a cada actividade. Assim sendo a análise de dados, o conhecimento de causas e por conseguinte os números são extremamente importantes para termos a noção de onde e como actuar para a prevenção da saúde ocupacional, para bem-estar do trabalhador e para a saúde financeira das organizações. Os custos humanos, sociais e económicos de acidentes de trabalho, lesões, doenças profissionais, acidentes industriais são motivodepreocupaçãosejaanívelnacional,comointernacional, levando as entidades governamentais e organizações a adoptar medidas estratégicas de forma a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar perigos e riscos ocupacionais. A segurança e saúde ocupacional são geridos por indicadores. Esses indicadores são números, são estatísticas, são base de dados que devem ser constantemente recolhidas e participadas pelas organizações, sejam elas particulares ou governamentais e devem estar publicamente disponíveis. Quando esta estatística de doenças, lesões ocupacionais, fatalidades, em cada país ou organização não é estruturada e os dados são relatados de forma inconsistente, ou não são relatados, dá origem a uma essa escassez de dados, de informação, que muitas das vezes é sintomática da ausência de um sistema funcional de vigilância de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, dificultando a tomada de decisões sobre a eficácia e eficiência das medidas implementadas ou a implementar para a redução de risco, pondo em risco o estado da saúde física do trabalhador pela exposição aos riscos no local de trabalho. As estatísticas, quando disponíveis, indicam que os trabalhadores continuam expostos a impactos na saúde ocupacional na sua actividade laboral, não obstante as medidas de redução de risco e dos regulamentos promulgados. Principalmente, a saúde física do trabalhador continua a ser afetada uma vez que não se sabe onde e como actuar, pois,

RkJQdWJsaXNoZXIy MjA1NDA=