Magazine Risco Zero nº24
magazine risco zero Dra. Paula Madaleno ARTIGO TÉCNICO A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA PARA A PROTECÇÃO DA SAÚDE DOS TRABALHADORES A maioria das pessoas economicamente ativas gasta, em média, cerca de um terço da sua vida a trabalhar, pelo que, o emprego e as condições de trabalho são determinantes para a sua saúde e bem- estar físico e mental. A Saúde Ocupacional (segurança e saúde do trabalho), é vital para promover o trabalho decente, que é um direito de todos os trabalhadores e um pré-requisito essencial para assegurar trabalhadores saudáveis que contribuam para o desenvolvimento socioeconómico das empresas e dos Países. A existência de Políticas e legislação Nacional sobre a Saúde Ocupacional, que estimulem as boas práticas empresariais, contribuem para o alcance das metas do Desenvolvimento Sustentável preconizados na Agenda 2030, principalmente para a meta 1 (eliminar a pobreza), meta 3 (Saúde e Bem-Estar) e meta 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico). O termo ‘estatística’ tem origem latina e deriva da palavra ‘estado’. Essa associação é atribuída à importância histórica da coleta de dados para os governos, principalmente para realizar censos demográficos, recrutamentos militares e coleta de impostos. Em termos científicos, a Estatística ou Bioestatística, como é também chamada na área da saúde, é uma ciência dedicada ao desenvolvimento e ao uso de métodos para recolha, compilação, análise e interpretação de dados com o objetivo de apresentar e avaliar as conclusões baseadas nesses dados. A descrição, o resumo e a apresentação dos dados são os objetos da Bioestatística descritiva. Nas conclusões, a Bioestatística inferencial permite, a partir da generalização da análise da informação observada num determinado subgrupo da população (amostra) obter conclusões sobre as características de uma determinada população. Apesar da incerteza associada a determinada conclusão, por meio da estatística inferencial é possível estabelecer um erro associado à conclusão, a partir do conhecimento da variabilidade observada nos dados. Reconhecendo o trabalho como determinante e condicionante do processo saúde-doença e assumindo que as profundas transformações no mundo do trabalho traduzem-se numa maior exposição dos trabalhadores aos fatores de risco profissionais, pode-se dimensionar o quão importante é a estatística para reduzir a morbimortalidade de trabalhadores e trabalhadoras nas mais diferentes ocupações e formas de inserção no mercado de trabalho. É através da Bioestatística que se torna possível obter informações para os estudos epidemiológicos, tais como a descrição do perfil sócio demográfico dos trabalhadores, incidência (novos casos), prevalência e mortalidade das doenças ligadas ao trabalho, visando o desenvolvimento de estratégias para a proteção e promoção da saúde dos trabalhadores. A informação estatística fornecida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), permite-nos saber que diariamente morrem cerca de 6.000 trabalhadores por “doenças ligadas ao trabalho” e, anualmente mais de 374 milhões de pessoas têm acidentes não letais e doenças relacionadas com o trabalho. Além do sofrimento incalculável, os dias de trabalho perdidos representam quase 4% do PIB anual mundial. Segundo as análises estatísticas, as “doenças ligadas ao trabalho” onde se incluem os acidentes de trabalho, doenças
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